domingo, 28 de novembro de 2010

A beleza da noite



A escuridão da noite é falsa, uma ilusão. E é fascinante. A toda hora meu olhar desvia para o infinito, passeia pelas estrelas, leva junto minha mente. Lembro, como sempre, da tristeza que senti ao ler artigo de astrônomos americanos, canadenses e europeus dizendo que mais de 90% das pessoas que vivem na América do Norte e Europa já não enxergam as estrelas. Esse manto de luz e beleza que olho agora é privilégio dos povos pobres. Como a vida pode ser pobre e limitada mesmo nas mais feéricas cidades!

Caminhar à noite amedronta um pouco, sim. Ainda hoje, homem barbado de há muito. Sempre irá amedrontar. Medos antigos a gente não esquece e nem perde. Quando muito, aprendemos a conviver com eles e a seguir em frente. O medo do escuro é antigo e está inserido em nosso código genético, tão grande é sua força e persistência.

“Na cidade as grandes casas fecham a vista à chave,
Escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe de todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar,
E tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver.”

Fernando Pessoa

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