quarta-feira, 19 de abril de 2017

Saudade de si

Ergueu-se e elevou seu pensamento para o nada, sem ninguém  e uma visão que dissipa. Provido de reflexão e sem atitudes, fica aquém de suas próprias possibilidades. Era muito distante, mas preferia estar ali, onde guardaria os segredos chocantes de toda uma vida, lembranças e tristezas que deixaram cicatrizes.

Dias primaveril, observara as folhas das velhas árvores já douradas. Um doce raio de sol iluminava a paisagem. Mas seu imenso sentimento de tristeza desbravara. Sentia-se morto, seus sonhos se escondiam. Em decorrência da relatividade espaço/tempo seu consciente parara, mas o pulso forte do seu inconsciente mantém a grandeza e a força embora pairado.

Confinado nas matas prefere estar ali do que escravo da vida privada e ser uma máquina a serviço da perfeição. Estar no controle de tudo lhe causara desequilíbrio, mas estar longe tem um preço que se chama solidão; tocar a vida sem ninguém e entrar em confusão e os desaforos que se faz engolir já era algo que não poderia mais  lhe causar mal.

Essa mudança lhe fez sentir-se em casa, mas ao mesmo tempo deslocado. Queria sair dali, ir pra mais longe, as montanhas talvez, pois sentia fome, fome de existir, seu questionamento lhe sufocava e ficara aflito. Pois por mais longe que pudesse ir, não encontrara saída pra tanto apavoro, muitas vezes tinha a impressão que ia enlouquecer.

Um dia, havia sonhado com alguém dizendo que a vida oferecera pra ele seguir, porque fugir não era a saída. Abrir a porta do seu coração harmonizando os pensamentos seria o primeiro passo para a verdade, e flexibilidade invés da resistência. A ventania lhe acordara com o rosto colado na terra e o sol aquecera sua face.


Keila Cristina
14 de Abril de 2017





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