Ergueu-se e elevou seu pensamento
para o nada, sem ninguém e uma visão que
dissipa. Provido de reflexão e sem atitudes, fica aquém de suas próprias
possibilidades. Era muito distante, mas preferia estar ali, onde guardaria os
segredos chocantes de toda uma vida, lembranças e tristezas que deixaram
cicatrizes.
Dias primaveril, observara as
folhas das velhas árvores já douradas. Um doce raio de sol iluminava a
paisagem. Mas seu imenso sentimento de tristeza desbravara. Sentia-se morto, seus
sonhos se escondiam. Em decorrência da relatividade espaço/tempo seu consciente
parara, mas o pulso forte do seu inconsciente mantém a grandeza e a força embora
pairado.
Confinado nas matas prefere estar
ali do que escravo da vida privada e ser uma máquina a serviço da perfeição.
Estar no controle de tudo lhe causara desequilíbrio, mas estar longe tem um
preço que se chama solidão; tocar a vida sem ninguém e entrar em confusão e os
desaforos que se faz engolir já era algo que não poderia mais lhe causar mal.
Essa mudança lhe fez sentir-se em
casa, mas ao mesmo tempo deslocado. Queria sair dali, ir pra mais longe, as
montanhas talvez, pois sentia fome, fome de existir, seu questionamento lhe
sufocava e ficara aflito. Pois por mais longe que pudesse ir, não encontrara
saída pra tanto apavoro, muitas vezes tinha a impressão que ia enlouquecer.
Um dia, havia sonhado com alguém
dizendo que a vida oferecera pra ele seguir, porque fugir não era a saída.
Abrir a porta do seu coração harmonizando os pensamentos seria o primeiro passo
para a verdade, e flexibilidade invés da resistência. A ventania lhe acordara
com o rosto colado na terra e o sol aquecera sua face.
Keila Cristina
14 de Abril de 2017
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