segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Viajando



Ligo o som do carro, mergulho em pensamentos  e viajo nos acontecimentos da estrada à caminho da Bahia. Muitas coisas acontecem em pouco tempo enquanto ali passamos. 
Algumas regiões apresentam  vegetação seca e bichos mortos na beira de estrada, e a poeira é ofuscante. Anda-se bastante até chegar num povoado pra tomar um café que por sinal estava bem amargo.
Enquanto mais nos distanciamos aproximamo-nos das belas montanhas  que particularmente me seduzem. Elas cintilam o momento e é inevitável não admira-las, pois as lembranças me retomam ao avistar "O Velho Chico ". Mas tudo passa, e a impressão que tenho é que as horas passam mais rápido que o ar.Talvez seja por isso, que alguns motoristas fazem travessias tão perigosas pela pressa de ter que chegar logo. 
E por falar em perigo, avisto um motorista de caminhão dando "cavalo de pau". Fiquei com medo, não por mim, pois ele estava bem longe, mas achei que  fosse virar.
Alguma parte das estradas tem marcas de rastro de pneus riscado no asfalto, e isso me fez lembrar novamente do moço do caminhão.
Mas adiante encontro casas simples, sem rebocos, em beira de estrada, algumas estão abandonadas, mas outras mesmo sem ver ninguém dentro dela, ali mora um alguém. São casas bem pequenas, mas que cabe toda a família  e amigos. "A casa da gente é uma metáfora de nossa vida,", essa é uma frase que li em algum lugar que não lembro onde. Na minha compreensão ela representa o nosso mundo interior.
Esqueci de contar, quantas vezes encontrei placas no meio do caminho com a frase " Jesus está voltando ". Sempre achei que ele esteve aqui o tempo todo.
Próximo de Jequié, estão abrindo mais estradas, e a pista está um tanto conturbada, homens vendendo amendoim, menino vendendo água, e muitos caminhões enfileirados dando a entender que estão indo para o mesmo lugar.
Os dias são bastante exaustivos, e visitamos também lugares bem sinistros, Não sei o que vai acontecer mas vou assim mesmo, essa é uma das frases que carrego.  E sem querer julgar, mas o pensamento sempre positivo pra que tudo ocorra bem. 
E com a graça do Mestre tudo ocorre bem, e até já estou me acostumando com os lugares que visitamos.
Na  volta pro hotel costumo observar as montanhas que cercam a cidade até onde a vista me  deixa alcançar, finalzinho de tarde, e em direção a oeste o sol se põe merecendo uma bela fotografia. Trouxe livros mas o cansaço não me deixa ler.É chegar de noite e fazer relatórios, olhar as mensagens no celular que também não consigo responder diante tanto cansaço e procuro responder enquanto tomo café no outro dia de manhã, Assim aplico os mais urgentes que é tomar banho, comer e dormir . Relaxar, pra no outro dia seguir outra rota se concentrando no  trabalho e realizando o que tem que ser feito.
Como dizia Drummond e o " sentimento do mundo" que lhe corria nas veias então. Sentir saudades de casa, da família, o abrigo de si mesmo onde a identidade se revelava.

Keila Cristina
28.11.2015




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