domingo, 24 de setembro de 2017

Kairós e Chronos





Na mitologia grega, Kairós é filho de Chronos, deus do tempo e das estações. Momento oportuno. Não se preocupa com o calendário pois é o presente. Ele usa em uma das mãos uma balança que é responsável pelo equilíbrio e justiça.

Chronos, quer dizer, concessão de um tempo sucessivo, cronológico, tempo dos humanos. É a concepção da soma do passado, presente e futuro. Período longo ou breve.

Abordando essa questão do tempo,  venho ampliando os horizontes da temporalidade e dedico  alguns instantes à meditar sobre a sua mensagem. Então me lembrei do tempo em que eu não tinha de não pensar em nada, por ser vítima da ansiedade.   Somos tão de repente, né?! Ao contrário dele, paciente. E ainda  reclamamos sua presença. Mesmo ele, estando sempre presente.

Mas com um tempo descobrimos coisas  do que nos faz ser quem somos. E o nosso  estado de espírito vive em constante transição. E muitas vezes descemos até o abismo para se achar, aí  vem  ele e nos leva de volta para a vida.

O relógio de Chronos faz a gente ter a constante sensação de que o tempo nos falta. E a gente se apega a coisas e agimos nas lembranças numa coleção de pensamentos que temos guardado. Porque nossos hábitos diários ludibriam a percepção do próprio tempo.  

As coisas realmente importantes  pra entender tem que ter constância, no direito de sermos nós mesmo no silêncio sem o auxilio das palavras. E tudo valerá a pena quando o sentimento quebrar a resistência dos conflitos. Então que o sentimento de  Kairós nos invada e espalhe a névoa fria, porque só crescemos quando nos oportunizar num olhar mais amplo aperfeiçoando a visão daquilo que nos envolve. E isso não ocorre da noite pro dia, mas é processual.  E o tempo continua valiosamente infinito.



Keila Cristina
24 de setembro de 2017







quinta-feira, 21 de setembro de 2017


Tempo  meu
Em que me esqueci de vencer
Nesse ciclo do viver.

Os segundos enganam o limite
E a ausência é frio
Numa variação incidental.

Apertar o passo
É minha maneira de discordar da dor
Atalhos, retalhos e folhas em branco.


Keila Cristina

22 des etembro de 2017

terça-feira, 12 de setembro de 2017

Travessia



Desfolhei a chuva
Toquei-a  em demasia
Criei um momento
Comovi-me no tempo
Refiz o meu desajeito
Desfiz de coisas
Recomecei de onde parei
Tateei  com  cuidado
Mas no intervalo 
Eu não tinha o mapa.





Keila Cristina

12 de novembro de 2017

sábado, 9 de setembro de 2017

Respeitar sempre



Essa semana eu assisti um vídeo do Padre Fábio em que ele fala estar com síndrome do Pânico. Pelo o que eu entendi, foi uma doença adquirida por conta das suas limitações como padre. A lucidez de suas palavras mostra como somos cruéis quando o assunto é respeito. E falar é um ótimo exercício. E foi o que ele fez.  Onde exteriorizou o seu sentimento de dor, e os fatos que o oprimem. Isso pra mim foi um ato de coragem, em que ele derramou o seu sofrimento e explicou sua reflexão, em meio que desafiando a sociedade pela a condição que ela  impõe .

O padre arqueou os lábios em leve sorriso e elencou com humildade e simplicidade para admitir a perfeição que ainda não possuímos e, portanto não podemos exigir dos outros.

Eu não teria sua coragem. Expor minhas mazelas e preocupações. Mas, isso é um aperfeiçoamento pessoal que adquirimos aos poucos, por entre flores e espinhos.

Mas, voltando aqui, assistir aquilo e ouvindo a coerência de seu pensamento foi  um movimento em coesão ! No plural, mesmo. Porque desperdiçamos o lapso do tempo nessa existência, despido de qualquer interesse com quem estar do outro lado, pelo simples fato de julgar pelo  o que acha certo.

Respeito é sempre bom! Respeitar o gay, o fumante, o ateu, o religioso ou o negro. Respeitar quem estar atravessando a rua mesmo o sinal abrindo. Respeitar a mulher dentro ou fora de um ônibus. Aos irmãos  que dormem na rua. Ou aquele que tem tendência suicida. Respeitar pelo direito do outro escolher ser quem ele quiser. Respeitar para ser respeitado!

A pressão psicológica são espinhos que maltrata. Bendita seja as frustações e o charco do desânimo. Muita gente  vive aprisionado no quarto escuro da inércia e dos medos descabidos.
Estamos condenando o progresso. É preciso ascender a luz adormecida no âmago, porque as brumas nos impedem o melhor olhar.
Keila  Cristina
09/09/2017



segunda-feira, 4 de setembro de 2017

A ponte



Um súbito estranho ritmo  entre o tempo e o contratempo dessa entidade viva que nos habita, e frequenta  o nosso mundo agitado e suave do qual  desenhamos fronteiras o tempo todo.
A inquietação  palpita o coração nesse amar de querer ser. A reflexão  cresce. Então me deixa quieta para ouvir essa voz que grita e sufoca. É Deus querendo me dizer alguma coisa que não quero ouvir, porque essa delicadeza que ele tem com a gente transmite paz, mas ao mesmo tempo   faz doer quando lembramos de nossa “finitude” nada fácil.
É na visita do desconhecido, exatamente nessa linha que traça o horizonte, e essa fome de felicidade é que percebemos que é possível sim. Mas a travessia é grande, dolorosa, e o cárcere é escuro e não tem mapa. Empalidecemos. E com nossos olhos cheios de poeira preferimos tomar chuva, encharcar o céu da consciência contemplativa  e sentir esse frio bem devagar na esperança que ele passe sem precisar sair dali.

Keila Cristina

03/09/2017

domingo, 3 de setembro de 2017

Vazio





O olfato é uma indicação sutil
Mas o cheiro está camuflado
Ouvimos mas não vemos
Nem sentimos
As palavras e os olhos não se enxergam
Olhar vazio de quem não estar olhando
Desembaraça um no corpo do outro
Sem a lisura da poesia
Se tocando e não se encontrando
Endurece, na prisão de si
Sem desbravar o significado.

Keila Cristina 31/08/2017




A luz




Silencie e veja  a rosa desabrochando
Um  iceberg fundindo no oceano
Unificando num pulo de um salto quântico
Refinando o inexaurível
Das verdadeiras flores.

Esvazie e encontre espaço pra receber
E conhecer
O que há em você
Os filtros  protegem
Olhe devagar.




Keila Cristina 29/08/2017

Uno





Água cristalina que reflete,
Pura...
Informando que existe,
Estrelas e lua.

Mente dual
Tese e antítese
Homem e mulher
Yin e Yang
Yoga e Zen.

Encontrar meu menino
Por aí
Onde me perco
Em pensamento
Navalha cortante
Conexão
Uno
Alicerce.

Keila Cristina

 28/08/2017

Tanta vida




Melhor morrer de amor do que de stress
Ser refém  da lua
Amanhecer contando estrelas
Soletrar coragem

Pensamento,  paixão e afeto
Nas ruas da cidade
De noite ou de dia
Alguma melancolia
Arraigada do partir.

Acorde provincial
De qualquer desatenção
Extrair algum  calor
Alguma imensidão.

Keila Cristina

24 de agosto de 2017