Olhar
o mar é conexão com o alto, um analgésico para a alma. Emerge plenamente uma
infinita sensação de bem estar. Um capricho à uma simples prova de amor ! O
vento esculpe-a em ondas gigantes, enquanto nuvens uniformes florescem. E isso
me faz suspirar e pensar em coisas boas, numa forma ímpar de ver e ouvir o lado
inaudível das coisas numa variedade riquíssima de profundidade.
Um
presente de Iemanjá! Cultuada mãe de Orixás, filha de Olokun, soberana Inaê.
Energia que emite e exala. Louvado seja a mãe d’água a quem peço licença antes
de entrar no mar.
O sol
resplandece... Luz! Mar de primeiro amor, que ocupa a cor de toda vida naquele momento. Gosto da emoção que ela
me trás, e a certeza de que não estou só.
Lembro
que quando entrei pela primeira vez, em São José da Coroa Grande, finquei os
dedos na areia com medo que a onda me levasse. Força e perigo sem sentido ali
naquela cena em que eu tremia de medo e frio. Lutei sozinha contra o que estava
sentindo até passar. Hoje, encaixo na minha mente diversos sentimentos e
situações pessoais num voo de pensamentos que se conserva num ritmo em que
aparece e desaparece simultaneamente.
Essa
paz faz transbordar a poesia e me transforma nos olhos de mar.
Keila Cristina
29.11.2017