quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Anos que passam




Não lembro ao certo, o dia em que a poesia sorriu pra mim, só sei que o vento trouxe o perfume do seu verso. Aí as vozes falaram dentro, descortinando algo mais profundo das cores distantes. As vezes leio em voz alta só para arejar Minh ‘alma e também não quero me esquecer do que sinto. Experimento algumas palavras, saúdo pedacinhos de coisas, vislumbro no meio de caminho, me perco em metáforas. O futuro há de vir e do passado se faz lembrar.
Como diz meu amigo Francisco Silvino em uma de suas crônicas, " o tempo acontece pra permitir as  lembranças ". 
E essa contagem quantitativa deixa a memória festiva ao lembrar de algo que nos tocou ou toca.
O tempo passa rápido né? Os anos voam. .. Lembrar do passado muitas vezes também é poesia. Soa algo que sempre aconteceu. É sentimento. Intensa esfera que nos habita. É a saudade de Deus que abastece a alma.
Tenho uma coleção de sonhos e gostos e esse é o fio que me guia.

Keila Cristina
06.01.2018


terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

A cor da vida


A vida nos surpreende com acontecimentos; alguns simples, outros complexos e quase sempre imprevisíveis.Temos ideias, rotas, planos e estranhas certezas. Escutamos músicas que proseiam com nosso pensamento. Um abraço é sempre algo quente, é estar onde sorrir o coração. A eterna busca da felicidade é tentar encaixar as coisas sem forçar a barra.
 Semear a poesia na dureza do dia é intenso demais. Penetrar no mundo e derramar para fora o que estar imerso na corrente do tempo também é. Estou consciente do mistério que nos rodeia. Os pequenos acontecimentos vão dando cor a vida, as quatro estações que segue concordam, um coração apaixonado motiva, uma prece motiva, o cheiro de chuva na terra molhada também motiva. Dalai Lama é alguém que envelheceu de um jeito bonito. O coração guerreiro de Isabel Allende é exemplo a ser seguido. também é. Pessoas assim nos inspiram e nos leva a construir a parte que nos cabe.
 Nossas falhas são tão claras quanto o nosso sucesso e nossas dúvidas são particulares. A distância separa, mas ainda precisamos uns dos outros. Quão pequena é nossa consciência ?! Tentamos traçar os contornos da vida para trazer sonhos a realidade, fazendo algumas escolhas e renunciando outras. E os pequenos passos são as tentativas para conseguir dar um  passo.

Keila Cristina
27.12.2017


domingo, 4 de fevereiro de 2018

Olhos de mar



Olhar o mar é conexão com o alto, um analgésico para a alma. Emerge plenamente uma infinita sensação de bem estar. Um capricho à uma simples prova de amor ! O vento esculpe-a em ondas gigantes, enquanto nuvens uniformes florescem. E isso me faz suspirar e pensar em coisas boas, numa forma ímpar de ver e ouvir o lado inaudível das coisas numa variedade riquíssima de profundidade.


Um presente de Iemanjá! Cultuada mãe de Orixás, filha de Olokun, soberana Inaê. Energia que emite e exala. Louvado seja a mãe d’água a quem peço licença antes de entrar no mar.

O sol resplandece... Luz! Mar de primeiro amor, que ocupa a cor de toda  vida naquele momento. Gosto da emoção que ela me trás, e a certeza de que não estou só.

Lembro que quando entrei pela primeira vez, em São José da Coroa Grande, finquei os dedos na areia com medo que a onda me levasse. Força e perigo sem sentido ali naquela cena em que eu tremia de medo e frio. Lutei sozinha contra o que estava sentindo até passar. Hoje, encaixo na minha mente diversos sentimentos e situações pessoais num voo de pensamentos que se conserva num ritmo em que aparece e desaparece simultaneamente.

Essa paz faz transbordar a poesia e me transforma nos olhos de mar.


Keila Cristina
29.11.2017