terça-feira, 27 de junho de 2017

Coragem



Somos sete bilhões de pessoas pensando e vivendo de forma distinta uns dos outros. E normalmente, enfrentamos situações nada fácil. A angústia da despedida, a dor da saudade, o medo de perder, discussões que dissolvem amizades, entre outros. Seja lá qual for a razão e a emoção faz sangrar, e pode transformar a opinião mesmo que não se tenha a certeza absoluta.


O medo de ser feliz, seguido pelo medo de ser triste nos “tira do ar.” Somos o próprio interruptor . À serventia e a liberdade, a dúvida e a certeza, o caos e a calmaria, todo dia, no mesmo coração. O tempo visita o silêncio que pouco se vê mas muito se diz. .Dentro é onde habita toda a verdade, e revela quem somos.


O vento desfolha as árvores e uma voz íntima pede auxílio, na busca do eterno equilíbrio no fio da navalha. Há muito peso no que devia se simples e natural, Olhando para o céu sem fim, é preciso redimensionar e continuar os dias porque viver não é fácil, mas é preciso.




Texto: Keila Cristina
27/06/2017

cremedepalavras.blogspot.com.br

segunda-feira, 19 de junho de 2017

Antes de irmos




Já passaram algumas horas, e chega a madrugada. Ele continua sentado no chão encostado na parede. Retira de dentro da mochila o trompete  e toca “Forever in love”. Mesmo sabendo que essa atitude não lhe traria nenhuma coragem para sair dali. Pelo contrário, só viria mais emaranhado de lembranças esperançosas e consequentemente continuaria ali paralisado e esperando.

Mais adiante meio que em desespero, uma mulher passa correndo na sua frente. Ela havia perdido o trem para voltar pra sua casa. O próximo só às seis horas. Mas esperar amanhecer o dia pra pegar  o próximo trem pudera  ser tarde demais.

Enquanto para ele ficar ali era preferível, para ela era o fim.

Ela havia escrito uma carta pro seu esposo pondo um fim no casamento, porque sabia de todas as traições e queria ali colocar um basta. Quando ele retornasse de viagem encontraria a carta. Mas, estava arrependida do que tinha feito e queria pegar a carta antes de ele voltar, colocariam uma pedra nisso tudo e as coisas voltariam ao normal.

Ele perdeu o amor de sua vida, no dia em que  comprou um anel de noivado. Ela havia recebido uma proposta de trabalho em outra cidade, e preferiu  seguir sozinha.

Pensar na saudade era a tristeza de sentir o que não lhe cabia mais. E agora eles sentem a mistura da angustia do passado e presente. E temem o futuro. As horas passam, a esperança se afasta mais um pouco. Aceitar os fatos e ver a própria imagem é doloroso e  dar adeus deveria não doer tanto.

Não tinha como remendar o que havia acontecido, mas a condição possibilita a existência de algo e a liberdade de escolha na construção do ser.

Naquela madrugada, conversaram sobre suas dores e aflições. Alguns momentos ele toca, ela canta e juntos riem, para distraírem a solidão, seus medos e preocupação. A sensibilidade era algo que eles tinham em comum.

A ideia de sair dali e enfrentar torna-se assustador demais e essa forma de olhar congela todo o resto. Mas, não há mais nada a fazer senão aceitar os fatos e encarar. O dia amanhece, ele coloca o trompete dentro da mochila, aperta a mão dela na intensão de passar algum conforto. O trem chega, trocam olhares como forma de despedida e ela o abraça forte até o momento de embarcar.


Texto: Keila Cristina
19/06/2017

Texto inspirado no filme Before We Go com Chris Evans e Alice Eve  ( pra quem tiver interesse em assistir ).



quinta-feira, 15 de junho de 2017

Os livros



Tem uma frase que diz que o homem teme o tempo, e o tempo teme as pirâmides. Isso faz sentido pela perfeição das pirâmides ao longo do tempo alcançado. Mas, de uns dias pra cá, em meio que com um diálogo profundo com o teto, chego a conclusão que  os livros alimenta-se das artimanhas do tempo. Com o passar dos anos, mesmos empoeirados, ao abri-lo eles voltam a pulsar.

A escrita surge do vazio e não descansa até se tornar um livro, e são enriquecidos com sentidos, melodias, sonhos e caminhos. É o futuro ! O conteúdo resiste a tudo, e nos espera para  ganhar o mundo.

A mídia, os senhores das guerras nos trazem dias passados à fio, e tentam mudar nossa atenção o tempo todo, pra nos impedir de enxergar o que estamos vendo, como uma frase de letreiros luminosos piscando e tentando colocar dentro da nossa cabeça.

Vigiemo-nos ao que a gente assiste, ao que lemos e escutamos. Resgatemos as boas páginas escritas. É o exercício que nosso cérebro precisa, o alimento que não dispensa o pensar, atrai a esperança, melhora a compreensão e expectativa,  aquece nosso espírito, nos arrasta para  seu mundo nem que seja por segundos.

Tem o efeito transformador num mergulho em uma história dos encontros essenciais da existência, porque algumas viagens literárias são inesquecíveis. A alusão da leitura aponta cores que preenchem. E tem uma hora que se deve pôr em prática alguma coisa que aprendeu ao lê-lo, e fazermos melhor nossas  escolhas.


Keila Cristina
15 de junho de 2017

terça-feira, 13 de junho de 2017

Instantes




Cada um sente e demonstra suas emoções de um jeito singular. O mundo dá voltas e esse é o tempo que precisamos, porque  nossos defeitos são pessoais demais. Os abraços foram feitos para expressar o que as palavras deixam a desejar  e a música silencia as outras vozes conectadas dentro de si.

Sinto saudades de olhar a neve, de toca-la ou olhar através da janela de vidro; das ruas pavimentadas de paralelepípedo de um lugar não grande, que  avisto e aprecio as belas montanhas no oriente. Lembrando essa cena me dá vontade de sorrir! E sorrio. Esse lugar eu não conheço mas surge de vez em quando na minha consciência e isso apazígua meu coração.

Tem dias que a gente se perde dentro da gente, a poesia se mistura no pensamento, música vira perfume e faz morada.

A vida é um ciclo com o objetivo de ser feliz! A felicidade é um grande desafio. Pessoas preenchem seus dias cheios de "nada" e expõe  nas redes sociais. Felicidade poderia ser olhar o mundo com mais poesia ou procurar ver o lado bom em todas as coisas. Talvez felicidade seja provocar um riso em alguém, sentir o cheiro de café enquanto coamos, ou até ir para o quintal na madrugada só pra sentir o vento gelado no rosto. Oscar Wide já dizia, que viver é a coisa mais rara do mundo.

O caminho é seguir! Mesmo errando um pouquinho todo dia, talvez mais errando do que acertando, nas idas e vindas de passado e futuro, nos desafios de uma jornada simultânea de um enredo que nos faz rir, chorar, pensar, acreditar...uma mistura de estágio e sentimentos nessa complexidade que é a vida.


Keila Cristina

13 de junho de 2017