domingo, 12 de novembro de 2017

Os desertos


O tempo sopra sobre nós a poeira e às vezes a gente num tem ideia do quanto precisamos andar para ocupar os lugares da vida. Exploramos estradas, percorremos distâncias, encontramos amigos e esses mesmos amigos tornam-se parte do nosso desenvolvimento como pessoa. 

Minhas emoções faz meu coração ser meu centro geodésico. Flor de laranjeira. Nele abrigo multidões de sentimentos que abrangeria um livro inteiro para explicar. Percorro as estradas misteriosas da minh ‘alma. As saudades mais profundas reacendem no labirinto do tempo, no diáfano fio do inconsciente,  e me faz recordar mais uma vez quem eu sou.

Às vezes esse exercício causa medo. Um medo delicado em que eu morra antes da hora. Perco-me no grande chão deserto. Meus fantasmas me assombram. E rouba-me o oxigênio.  Algo me cobra a simetria. Daí  lembro Platão, quando diz: “ Tente mover o mundo e o primeiro passo será mover a si mesmo.” Daí cesso, fecho os olhos, respiro... e dissolvo-me dentro.

Keila Cristina

12 de novembro de 2017

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Os sentidos





Olhar o por do sol é paz espiritual. É uma das mais belas poesias expressadas pela  natureza. Generosa. Essa delicadeza que ela tem em estar sempre nos agradando, é uma beleza não tão fácil de ser encontrada por aí, em qualquer lugar.

 A cor alaranjada do sol, no canto, de onde a vista alcança, avisando que ainda resta um foco de luz até se recolher totalmente no horizonte distante. É o escuro das sombras de mais um dia que finda. Nessa hora,  nas ruas, excessiva agitação dos dias acelerados competindo contra o tempo. Ansiedade latente das idas e vinda de caminhos ondulantes. A correria diária do mundo urbano, uns cruzam por outros nas asperezas de um riso cansado que deságua.

Por do sol além de ser cartão postal, é pausa  para uma relação íntima do descanso e reflexão. É o momento mágico que acontece para que possamos visualizar os sinais que nos aparece a todo instante.

Com um tempo, podemos depurar o significado das coisas e apurar os sentidos. Temos a cor da luz, raízes, asas e emoções. Sonhos, estradas, vida, pegadas que deixamos e aoutras  que encontramos no caminho.


Keila Cristina

06 de novembro de 2017

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Sorria pelo dia de sol ou chuva e pelas flores que brotavam em seu jardim. O céu estava sempre azul mesmo em dias cinza.  Soninha sempre alegre e intensa. Não tem religião mas tem  um coração gigante.  Fala sobre todos outros assuntos e dizia sempre que o  requisito era amar em todos os detalhes. Mas, não teve sorte no amor e educou seus quatro filhos sozinha. Nunca à vi reclamar de nada e sua disposição e bom humor causava admiração e inveja nas outras pessoas.

Quando eu chegava em sua casa,  sempre me cobrava um abraço. Arqueei as sombracelhas e disse que num queria abraçar, e gritei: “ Vamos Maiana, estamos atrasadas “. Maiana é sua filha mais nova, e estávamos atrasadas pra aula de natação, no Sesc, há três quadras dali.

Mas ela não se importava com o que eu dizia , e completava. “ Abraço é sempre bom e ajuda a remar com mais força “. E me abraçava mesmo eu não à abraçando, porque ela sabia da dificuldade que eu tinha em abraçar. E minha pouca idade ainda não me deixava compreender esse remar. Mas ela conseguia entender os meus sentimentos e pensamentos.

Ela me dizia que ao resolver tudo que tinha pra resolver, iria embora. E quando isso acontecesse sentiria minha falta.

Poderia morar em qualquer lugar que quisesse e Soninha havia escolhido a Índia. Lembro que estava sempre arrodeada de pessoas, ou no telefone. Trabalhava muito, seus compromissos eram intensos. No retorno de uma de suas viagens me trouxe Mar Absoluto, da Cecília Meireles. Foi um dos meus primeiros livros.  

A passagem de Soninha na cidade foi rápida. Ficou apenas um ano e isso foi profundo. Ela sabia evidenciar seu lado luz.Benfazeja.                                                                                                                                                                                                                                                                                                               Antes de ir embora, me esperou pra se despedir mas eu não apareci, porque eu sabia se fosse  iria chorar. E eu não queria chorar.

Depois de tanto tempo, pra minha surpresa, hoje ela me ligou. E disse coisas boas de se ouvir;  Perguntou como eu estava. Falou que era ainda  minha segunda mãe e amiga também.  Aí deu um nó na garganta, sabe. Me senti especial. E vi que a distância não diminuiu a importância e isso é gratificante. Ter uma mãe já é bom, imagine duas.

Hoje ela é humanista ! Queria saber como Deus à convenceu de uma missão tão nobre, já que não acredita na sua existência. Sua mãe sabia porque escolheu esse nome, Sonia, que quer dizer, “ Sabedoria Divina” .

Ela não usa rede social,  casou com o mundo e morou em vários lugares. Hoje está  na África do Sul. Disse que lá é lindo e desenvolve  um trabalho e não sabe por quanto tempo vai ficar.  Mas quando retornar pra casa, na Noruega, quer que eu vá visita-la. Admiro a sua interação com a liberdade,  determinação e a facilidade de sentir-se em casa aonde chega.

Localizei no tempo quando  a gente se conheceu. Maiana e eu estávamos na praça Padre Cícero quando voltávamos da natação, e tomávamos sorvetes daqueles coloridos pela quantidade absurda de anilina e eram vendidos no copinho descartável, mas que gostávamos muito rsrs. Ela voltava de um magazine, tinha ido comprar algo e ali nos conhecemos. Lembrei também do cheiro de seu cabelo quando me abraçava e de suas histórias inventadas só pra ver a gente gargalhando. Ele adorava estar arrodiada de adolescentes !  


É tão intenso sentir esse hiato da saudade...  Cada um no seu caminho, e quando o caminho muda a sua história também muda. Cada experiência agrega valores e virtudes que aperfeiçoa o ser. A vida é o melhor mestre!

Keila Cristina
27 de Outubro de 2017

domingo, 15 de outubro de 2017

As chaves da evolução



Lugar predileto é onde eu possa sentir o aroma  da flora . Estar em contato com a energia de uma área verde, além de sentir  o ar mais puro, é o  momento de introspecção para poder refletir a parte não revelada de si.

Os sábios ancestrais chamam isso de iluminação! E eu chamo de ânimo sereno. Porque quando vou pra Chapada do Araripe  sinto a poesia fluir com mais intensidade. É a aproximação da minha parte mais oculta, mesmo que esse encontro exija mais da minha coragem.

Estar longe da embriaguez das conquistas mundanas, que tem sua importância, mas o sagrado da vida são importâncias íntimas e divinas. E isso me faz  interessar nas conquistas de um olhar mais apurado sobre todas as coisas.

Por exemplo: O abraço, seu cheiro de ternura, os segredos e a cumplicidade que ele traz e transforma; A alquimia do perdão e do amar e a transmutação das dores; O toque de uma mão silenciosa num coração que vive no pântano da tristeza; As pequenas orações de força, fé e energia e os seus benefícios; A saudade que surge não pela lembrança da lista de contatos, o envolvimento de um beijo e o suspiro que traduz o idioma do coração, ou a lição numa decepção no sentido do fortalecimento pessoal.

O que eu quero dizer, é que as maravilhas acontecem mais dentro da gente do que fora. Já dizia Sócrates: “Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o Universo e os deuses.” A grandeza dessa frase revela  a nossa maneira de olhar e agir. Então, quando olho minhas imperfeições vejo o quanto ainda estou distante de mim mesmo.



Keila Cristina
15 de outubro de 2017

domingo, 8 de outubro de 2017

Abraçando as sombras


Andado pelo interior da Bahia, numa cidadezinha cheia de ruas largas e  pedras seculares, chamada de Filadélfia, conheci um senhor de nome Crispim. Costumava sentar dentro de casa mas  em frente para rua em que prestava atenção os andarilhos. Enquanto eu esperava sua esposa, conversávamos, e ele me relatou num tempo em que era saudável e trabalhava na roça. Essa conversa mais parecia um desabafo, pois transcorria lágrimas pela sua face, Com uma xícara  de café entre os dedos, pairava nos labirintos mentais  cheio de conflitos e confusões desse caminho estreito  em que  já não há mais esperança.

A sua ‘’ menina ‘’, era o gesto carinhoso quando se referia a sua enxada. Seus olhos brilhavam maravilhado pelas lembranças.  Sua voz afinada com a dor, em que já não acreditava na condição primordial de ser feliz.

Crispim tem uns setenta e poucos anos. É abatido, encurvado, sem alegrias, parece um espectro de si mesmo. Reativo em seu mundo  sórdido, de sentimento sombroso e um céu escuro. Pois sua realidade lhe sustenta um fardo.

Não costuma sair de casa.  Sua doença lhe deixa de mãos atadas. Depende da sua esposa pra tudo. Todos os dias, ela sai cedinho, anda uns 5km a pé de casa até a roça, volta só ao meio dia, no horário mais escaldante e ao chegar cuida dos afazeres domésticos.

Depois S. Crispim se irritou quando um carro com esses paredões de som dominava o sossego da pequena cidade. Ele não conseguia entender porque as pessoas já não curtem Roberto Carlos. E lembrou mais uma vez de sua juventude, da bossa nova e dos bailes festivos.

Num mundo onde se tem medo da felicidade, falar das músicas de Roberto Carlos é amar de corpo e alma, é uma oração para os vivos, porque as músicas reflexivas   nos coloca dentro de nossas escolhas.

As boas lembranças é algo que dar forças a S. Crispim de continuar resistindo. Mas não tem forças suficiente para passar do portão da sua casa, a não ser para ir pro hospital, quando sua pressão sobe. Sua visão é pouca, seus pés são inchados e  seu corpo está sempre cansado. Para ele,  o fundo do poço é o melhor lugar . Pois não tem forças para dar impulso, mas tem a paciência de continuar ali em sua cadeira de sempre, refletindo seus dias e carregando sempre o medo da morte e a amargura de viver.

Lembrei dele esses dias, não sei porque. Queria saber se ainda está nesse plano. Mas não tenho seu contato. Então fico imaginando como seria o sorriso de S. Crispim se ele tivesse sorrido.


Keila Cristina

05 de Outubro de 2017

domingo, 24 de setembro de 2017

Kairós e Chronos





Na mitologia grega, Kairós é filho de Chronos, deus do tempo e das estações. Momento oportuno. Não se preocupa com o calendário pois é o presente. Ele usa em uma das mãos uma balança que é responsável pelo equilíbrio e justiça.

Chronos, quer dizer, concessão de um tempo sucessivo, cronológico, tempo dos humanos. É a concepção da soma do passado, presente e futuro. Período longo ou breve.

Abordando essa questão do tempo,  venho ampliando os horizontes da temporalidade e dedico  alguns instantes à meditar sobre a sua mensagem. Então me lembrei do tempo em que eu não tinha de não pensar em nada, por ser vítima da ansiedade.   Somos tão de repente, né?! Ao contrário dele, paciente. E ainda  reclamamos sua presença. Mesmo ele, estando sempre presente.

Mas com um tempo descobrimos coisas  do que nos faz ser quem somos. E o nosso  estado de espírito vive em constante transição. E muitas vezes descemos até o abismo para se achar, aí  vem  ele e nos leva de volta para a vida.

O relógio de Chronos faz a gente ter a constante sensação de que o tempo nos falta. E a gente se apega a coisas e agimos nas lembranças numa coleção de pensamentos que temos guardado. Porque nossos hábitos diários ludibriam a percepção do próprio tempo.  

As coisas realmente importantes  pra entender tem que ter constância, no direito de sermos nós mesmo no silêncio sem o auxilio das palavras. E tudo valerá a pena quando o sentimento quebrar a resistência dos conflitos. Então que o sentimento de  Kairós nos invada e espalhe a névoa fria, porque só crescemos quando nos oportunizar num olhar mais amplo aperfeiçoando a visão daquilo que nos envolve. E isso não ocorre da noite pro dia, mas é processual.  E o tempo continua valiosamente infinito.



Keila Cristina
24 de setembro de 2017







quinta-feira, 21 de setembro de 2017


Tempo  meu
Em que me esqueci de vencer
Nesse ciclo do viver.

Os segundos enganam o limite
E a ausência é frio
Numa variação incidental.

Apertar o passo
É minha maneira de discordar da dor
Atalhos, retalhos e folhas em branco.


Keila Cristina

22 des etembro de 2017

terça-feira, 12 de setembro de 2017

Travessia



Desfolhei a chuva
Toquei-a  em demasia
Criei um momento
Comovi-me no tempo
Refiz o meu desajeito
Desfiz de coisas
Recomecei de onde parei
Tateei  com  cuidado
Mas no intervalo 
Eu não tinha o mapa.





Keila Cristina

12 de novembro de 2017

sábado, 9 de setembro de 2017

Respeitar sempre



Essa semana eu assisti um vídeo do Padre Fábio em que ele fala estar com síndrome do Pânico. Pelo o que eu entendi, foi uma doença adquirida por conta das suas limitações como padre. A lucidez de suas palavras mostra como somos cruéis quando o assunto é respeito. E falar é um ótimo exercício. E foi o que ele fez.  Onde exteriorizou o seu sentimento de dor, e os fatos que o oprimem. Isso pra mim foi um ato de coragem, em que ele derramou o seu sofrimento e explicou sua reflexão, em meio que desafiando a sociedade pela a condição que ela  impõe .

O padre arqueou os lábios em leve sorriso e elencou com humildade e simplicidade para admitir a perfeição que ainda não possuímos e, portanto não podemos exigir dos outros.

Eu não teria sua coragem. Expor minhas mazelas e preocupações. Mas, isso é um aperfeiçoamento pessoal que adquirimos aos poucos, por entre flores e espinhos.

Mas, voltando aqui, assistir aquilo e ouvindo a coerência de seu pensamento foi  um movimento em coesão ! No plural, mesmo. Porque desperdiçamos o lapso do tempo nessa existência, despido de qualquer interesse com quem estar do outro lado, pelo simples fato de julgar pelo  o que acha certo.

Respeito é sempre bom! Respeitar o gay, o fumante, o ateu, o religioso ou o negro. Respeitar quem estar atravessando a rua mesmo o sinal abrindo. Respeitar a mulher dentro ou fora de um ônibus. Aos irmãos  que dormem na rua. Ou aquele que tem tendência suicida. Respeitar pelo direito do outro escolher ser quem ele quiser. Respeitar para ser respeitado!

A pressão psicológica são espinhos que maltrata. Bendita seja as frustações e o charco do desânimo. Muita gente  vive aprisionado no quarto escuro da inércia e dos medos descabidos.
Estamos condenando o progresso. É preciso ascender a luz adormecida no âmago, porque as brumas nos impedem o melhor olhar.
Keila  Cristina
09/09/2017



segunda-feira, 4 de setembro de 2017

A ponte



Um súbito estranho ritmo  entre o tempo e o contratempo dessa entidade viva que nos habita, e frequenta  o nosso mundo agitado e suave do qual  desenhamos fronteiras o tempo todo.
A inquietação  palpita o coração nesse amar de querer ser. A reflexão  cresce. Então me deixa quieta para ouvir essa voz que grita e sufoca. É Deus querendo me dizer alguma coisa que não quero ouvir, porque essa delicadeza que ele tem com a gente transmite paz, mas ao mesmo tempo   faz doer quando lembramos de nossa “finitude” nada fácil.
É na visita do desconhecido, exatamente nessa linha que traça o horizonte, e essa fome de felicidade é que percebemos que é possível sim. Mas a travessia é grande, dolorosa, e o cárcere é escuro e não tem mapa. Empalidecemos. E com nossos olhos cheios de poeira preferimos tomar chuva, encharcar o céu da consciência contemplativa  e sentir esse frio bem devagar na esperança que ele passe sem precisar sair dali.

Keila Cristina

03/09/2017

domingo, 3 de setembro de 2017

Vazio





O olfato é uma indicação sutil
Mas o cheiro está camuflado
Ouvimos mas não vemos
Nem sentimos
As palavras e os olhos não se enxergam
Olhar vazio de quem não estar olhando
Desembaraça um no corpo do outro
Sem a lisura da poesia
Se tocando e não se encontrando
Endurece, na prisão de si
Sem desbravar o significado.

Keila Cristina 31/08/2017




A luz




Silencie e veja  a rosa desabrochando
Um  iceberg fundindo no oceano
Unificando num pulo de um salto quântico
Refinando o inexaurível
Das verdadeiras flores.

Esvazie e encontre espaço pra receber
E conhecer
O que há em você
Os filtros  protegem
Olhe devagar.




Keila Cristina 29/08/2017

Uno





Água cristalina que reflete,
Pura...
Informando que existe,
Estrelas e lua.

Mente dual
Tese e antítese
Homem e mulher
Yin e Yang
Yoga e Zen.

Encontrar meu menino
Por aí
Onde me perco
Em pensamento
Navalha cortante
Conexão
Uno
Alicerce.

Keila Cristina

 28/08/2017

Tanta vida




Melhor morrer de amor do que de stress
Ser refém  da lua
Amanhecer contando estrelas
Soletrar coragem

Pensamento,  paixão e afeto
Nas ruas da cidade
De noite ou de dia
Alguma melancolia
Arraigada do partir.

Acorde provincial
De qualquer desatenção
Extrair algum  calor
Alguma imensidão.

Keila Cristina

24 de agosto de 2017

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Apaziguando o coração


Caminhamos talvez, não com a força necessária, mas fazemos  alguns malabares para sentir que estar melhorando. Sorrir é uma das formas que equilibra as emoções. E esse pensar nos sonhos, na vida e no vazio que a gente guarda em algum lugar do peito, de que ninguém escapa, as palavras nos faz ser exatamente aquilo que somos.

Nada é em vão e sempre fica alguma coisa. Nietzsche, Heidegger e Sartre  continuam influenciando até os dias de hoje, na filosofia e psicologia.

Tudo causa um efeito. A íris reflete nesse multiverso interno, em que os olhos enxergam e eterniza como um clique.


Ora, certas palavras não saem assim tão fáceis. Caneta e papel em branco traduzem momentos desse mundo surreal. Garimpando, repaginando a ordem, da ponta dos dedos para o coração. Os problemas se aquietam. Num instante nos entregamos a própria ausência. Transcende o verso, aos portais da imaginação, misteriosa espécie, viaja nos braços do tempo e mergulha além das  estrelas. Infinito sentido. Um bem gratuito.

Keila Cristina
17 de agosto de 2017

domingo, 6 de agosto de 2017

Sonhos Guardados


Os sonhos impossíveis se mantem acesos e alerta para o imponderável da vida. Vivemos diariamente os obstáculos sobre o que podemos e o que não podemos.Alguma coisa nos mastiga por dentro.


E nem sempre conseguimos fazer somente aquilo que nos agrada, ficando muitas vezes nas superfícies das situações e não termos a coragem de tocar de fato naquilo que precisa ser tocado.Desafino o tom quando minha sensibilidade é ferida. Por que até quando erramos estamos tentando de alguma forma ser feliz.


Talhei uma mistura engrandecida do bom sentimento e o mistério. A magia versando o coração . Canções no espaço da alma é imensamente grande e pleno da realidade viva e suas fronteiras paíra a mercê dos sentidos.E essa mistura de razão e emoção invade, atravessa e enlaça; sobe e desce. Tonteia, sufoca, aquece e dar pontadas. Cai e levanta. Esconde e revela. Rasga o vestir.


A porta entreaberta assusta ao ver o outro lado. Embarca nas passagens secretas. Voa pousando e descobre as granadas escondidas no peito.O tempo passa, mas sempre haverá resquícios indeléveis na memória. Os detalhes refletem o âmago . Somos a metade do inteiro por isso nossas almas são tão inquietas. Estamos longe da certeza absoluta. Esse fluxo natural da vida traz medo, pelo o efeito que causa, ora de confiança, ora de insegurança.


Keila Cristina
6 de agosto de 2017

domingo, 30 de julho de 2017

Hoje o facebook me lembrou do dia das avós e isso me fez senti saudades. Saudades de nossas conversas e de te  ouvir contando histórias de figuras importantes como Lampião.
Lembro-me da gente comendo capitão de farinha na sua casa. E do seu café torrado. E você dizendo que tinha saudade do Pernambuco porque o pão de lá era melhor ( acho que você dizia que tudo lá era melhor ). Semana passada estive lá e sempre que vou lembro da senhora.
Lembro do quanto não gostava quando eu ouvia Legião Urbana. Dizia ser muito barulhento e isso lhe causava dor de cabeça kkkk. Sua paixão era Júlio Iglesias, e você me pedia pra colocar a fita K7  com suas músicas. “ Mas coloque baixo, por favor.” E ainda ressaltava: “ Você devia aprender a gosta de Julio Iglesias” !
Fazia compras  e distribuía com as outras pessoas em situação de emergência. Um de seus ensinamentos era esse:  ajudar sempre  quem precisa. Eu ainda estou na peleja, vó!
Lembro até quando dizia que não gostava de minhas pulseiras de hippie hahaha. Faz tempo né ?!
Também lembro quando matou uma cobra perto do pé de limão usando uma varinha fina e eu uns 10 metros de distância com medo de ser picada ( naquele dia sua saúde já não estava tão boa ).

E eu aqui boba, lembrando e escrevendo esse texto, mesmo não estando  aqui pra ler. Sinto sua falta. E acho que eu devia ter te ouvido bem mais, porque havia ainda tanta coisa  pra ser dita.

Keila Cristina

quinta-feira, 20 de julho de 2017

Depois de amanhã



O presente é o instante.
Mas quanto tempo o presente estará presente?
Sua origem e o fim,
Nada sei.

Tenho medo desse mundo doente
Das garras do não acaso
Dos golpes fortuitos do descaso
De amontoados tombos que estapeiam
Que a tempestade não mude o cenário da minha infância
Se algum deus me ouve
Não  deixa esmorecer a minha fé
Pois tenho sonhos inacabados.


Keila Cristina
20 de julho de 2017







Velhos sinais


Meu coração invade os desejos já maduros
Aproxima  das entrelinhas do interior
Esculpe a sensação irreal do real
Dulcifica a metáfora em mim
Ocupa e remete o que há de   
                           frágil                          
Compreende os sinais que vagueiam
Na sombra invisível da noite

E o vento sopra suave na ribeira do rio.

Keila Cristina
20.07.2017



sábado, 8 de julho de 2017

O sentido


Poesia
É expressão de gostos
Visão depurada
Textura do lirismo
É o protesto
Política
É a amizade
Selo de vida.

É a energia
O poente
A busca
Desejos, sonhos e sorrisos
Uma brisa de esperança
Um princípio.

É a lembrança de um tempo
Deuses em templo
O silêncio das estrelas
O som das águas
Desenlaço do vento
Confissões partidas.

É tristeza, alegria,
Medo e coragem,
É o alinhado da mão,
O alcance do dom
E do coração.

Keila  Cristina
08/07/2017



domingo, 2 de julho de 2017

O alvorecer


Preocupado, e sentado em frente pro mar. Essa cena  representava tranquilidade rara e singular.  Por algum tempo o livrava das dúvidas.

A brisa, o azul do céu, e o mar com suas belas espumas,  cessavam os conflitos mental. Pensava nos milénios de anos que o mar atravessava, de modo que ele vem, arrasta a areia, e vai.

Era um adulto desconfiado e distante do mundo dos homens. Vivia em contato com a natureza, com a terra, o sol,  lua, e com as intempéries diante de si e principalmente da noite,  e dos sonhos.

O seu olhar  textualiza suas aflições, mas a única solução era serenar. Sabia que o lugar havia lhe acolhido com carinho. Então naquela noite, deixou o coração absorver a paz que ali se apresentava e começou a sentir saudades. Seus olhos brilharam, seu pensamento sorriu como há muito tempo não  fazia. Regou a situação por mais tempo, quis estar ali e sentir mais um pouco o que estava sentindo.

Indagou os olhos  para ponderar a situação. Trouxe de volta um caminho que lhe conduziu para o exterior. O  vazio e a introspecção preenchia a solidão novamente. Era necessário continuar contra a tempestade. Recua e entra na obscuridade imensa do mundo, numa situação de dependência em meio às complicações, erros e derrotas e um sentimento de insegurança diante do mundo.

Em particular, a sombra fria do estranho e do desconhecido se apoderava cada vez mais, mesmo relutando contra. Inquieto, senta-se na areia e olha pro infinito. Inconscientemente percebe que a cor alaranjada combina com o entardecer, o azul combina com o mar, o céu e o alvorecer. Entregou-se novamente a um real entusiasmo épico. As lembranças ressurgiam. E o resultado eram cenas agradáveis. Aos poucos ia conhecendo seu íntimo, e seu estado de espírito vinham melhorando. Era uma atitude sábia e cheia de vivacidade.

Suspirou aliviado, fechou os olhos, e com ar meditativo procurava sentir o vento.  Embelezando sua existência  o mundo ganha mais profundidade. Vinha educando sua emoção. Pressentia ser o derradeiro estágio da dor humana.


Keila Cristina
02 de julho de 2017

19:25 hs

terça-feira, 27 de junho de 2017

Coragem



Somos sete bilhões de pessoas pensando e vivendo de forma distinta uns dos outros. E normalmente, enfrentamos situações nada fácil. A angústia da despedida, a dor da saudade, o medo de perder, discussões que dissolvem amizades, entre outros. Seja lá qual for a razão e a emoção faz sangrar, e pode transformar a opinião mesmo que não se tenha a certeza absoluta.


O medo de ser feliz, seguido pelo medo de ser triste nos “tira do ar.” Somos o próprio interruptor . À serventia e a liberdade, a dúvida e a certeza, o caos e a calmaria, todo dia, no mesmo coração. O tempo visita o silêncio que pouco se vê mas muito se diz. .Dentro é onde habita toda a verdade, e revela quem somos.


O vento desfolha as árvores e uma voz íntima pede auxílio, na busca do eterno equilíbrio no fio da navalha. Há muito peso no que devia se simples e natural, Olhando para o céu sem fim, é preciso redimensionar e continuar os dias porque viver não é fácil, mas é preciso.




Texto: Keila Cristina
27/06/2017

cremedepalavras.blogspot.com.br

segunda-feira, 19 de junho de 2017

Antes de irmos




Já passaram algumas horas, e chega a madrugada. Ele continua sentado no chão encostado na parede. Retira de dentro da mochila o trompete  e toca “Forever in love”. Mesmo sabendo que essa atitude não lhe traria nenhuma coragem para sair dali. Pelo contrário, só viria mais emaranhado de lembranças esperançosas e consequentemente continuaria ali paralisado e esperando.

Mais adiante meio que em desespero, uma mulher passa correndo na sua frente. Ela havia perdido o trem para voltar pra sua casa. O próximo só às seis horas. Mas esperar amanhecer o dia pra pegar  o próximo trem pudera  ser tarde demais.

Enquanto para ele ficar ali era preferível, para ela era o fim.

Ela havia escrito uma carta pro seu esposo pondo um fim no casamento, porque sabia de todas as traições e queria ali colocar um basta. Quando ele retornasse de viagem encontraria a carta. Mas, estava arrependida do que tinha feito e queria pegar a carta antes de ele voltar, colocariam uma pedra nisso tudo e as coisas voltariam ao normal.

Ele perdeu o amor de sua vida, no dia em que  comprou um anel de noivado. Ela havia recebido uma proposta de trabalho em outra cidade, e preferiu  seguir sozinha.

Pensar na saudade era a tristeza de sentir o que não lhe cabia mais. E agora eles sentem a mistura da angustia do passado e presente. E temem o futuro. As horas passam, a esperança se afasta mais um pouco. Aceitar os fatos e ver a própria imagem é doloroso e  dar adeus deveria não doer tanto.

Não tinha como remendar o que havia acontecido, mas a condição possibilita a existência de algo e a liberdade de escolha na construção do ser.

Naquela madrugada, conversaram sobre suas dores e aflições. Alguns momentos ele toca, ela canta e juntos riem, para distraírem a solidão, seus medos e preocupação. A sensibilidade era algo que eles tinham em comum.

A ideia de sair dali e enfrentar torna-se assustador demais e essa forma de olhar congela todo o resto. Mas, não há mais nada a fazer senão aceitar os fatos e encarar. O dia amanhece, ele coloca o trompete dentro da mochila, aperta a mão dela na intensão de passar algum conforto. O trem chega, trocam olhares como forma de despedida e ela o abraça forte até o momento de embarcar.


Texto: Keila Cristina
19/06/2017

Texto inspirado no filme Before We Go com Chris Evans e Alice Eve  ( pra quem tiver interesse em assistir ).



quinta-feira, 15 de junho de 2017

Os livros



Tem uma frase que diz que o homem teme o tempo, e o tempo teme as pirâmides. Isso faz sentido pela perfeição das pirâmides ao longo do tempo alcançado. Mas, de uns dias pra cá, em meio que com um diálogo profundo com o teto, chego a conclusão que  os livros alimenta-se das artimanhas do tempo. Com o passar dos anos, mesmos empoeirados, ao abri-lo eles voltam a pulsar.

A escrita surge do vazio e não descansa até se tornar um livro, e são enriquecidos com sentidos, melodias, sonhos e caminhos. É o futuro ! O conteúdo resiste a tudo, e nos espera para  ganhar o mundo.

A mídia, os senhores das guerras nos trazem dias passados à fio, e tentam mudar nossa atenção o tempo todo, pra nos impedir de enxergar o que estamos vendo, como uma frase de letreiros luminosos piscando e tentando colocar dentro da nossa cabeça.

Vigiemo-nos ao que a gente assiste, ao que lemos e escutamos. Resgatemos as boas páginas escritas. É o exercício que nosso cérebro precisa, o alimento que não dispensa o pensar, atrai a esperança, melhora a compreensão e expectativa,  aquece nosso espírito, nos arrasta para  seu mundo nem que seja por segundos.

Tem o efeito transformador num mergulho em uma história dos encontros essenciais da existência, porque algumas viagens literárias são inesquecíveis. A alusão da leitura aponta cores que preenchem. E tem uma hora que se deve pôr em prática alguma coisa que aprendeu ao lê-lo, e fazermos melhor nossas  escolhas.


Keila Cristina
15 de junho de 2017

terça-feira, 13 de junho de 2017

Instantes




Cada um sente e demonstra suas emoções de um jeito singular. O mundo dá voltas e esse é o tempo que precisamos, porque  nossos defeitos são pessoais demais. Os abraços foram feitos para expressar o que as palavras deixam a desejar  e a música silencia as outras vozes conectadas dentro de si.

Sinto saudades de olhar a neve, de toca-la ou olhar através da janela de vidro; das ruas pavimentadas de paralelepípedo de um lugar não grande, que  avisto e aprecio as belas montanhas no oriente. Lembrando essa cena me dá vontade de sorrir! E sorrio. Esse lugar eu não conheço mas surge de vez em quando na minha consciência e isso apazígua meu coração.

Tem dias que a gente se perde dentro da gente, a poesia se mistura no pensamento, música vira perfume e faz morada.

A vida é um ciclo com o objetivo de ser feliz! A felicidade é um grande desafio. Pessoas preenchem seus dias cheios de "nada" e expõe  nas redes sociais. Felicidade poderia ser olhar o mundo com mais poesia ou procurar ver o lado bom em todas as coisas. Talvez felicidade seja provocar um riso em alguém, sentir o cheiro de café enquanto coamos, ou até ir para o quintal na madrugada só pra sentir o vento gelado no rosto. Oscar Wide já dizia, que viver é a coisa mais rara do mundo.

O caminho é seguir! Mesmo errando um pouquinho todo dia, talvez mais errando do que acertando, nas idas e vindas de passado e futuro, nos desafios de uma jornada simultânea de um enredo que nos faz rir, chorar, pensar, acreditar...uma mistura de estágio e sentimentos nessa complexidade que é a vida.


Keila Cristina

13 de junho de 2017

terça-feira, 16 de maio de 2017

Ser sagrado




Somos nós, flor do mato, caboclo, mulato.
Guaraci, Caiapó, Cariris.
Menino de pé no chão
Afeto, arte, história.
Somos ressaca das emoções
Sentido do ser
deus vivo e adormecido
Surdos e ouvintes
Flor e espada
Pele e sombra
Raça que dança, canta e encanta
E tocam tambores que saldam
Raios e Ventos
O eclipsar da noite, “ luarão ”
Perfeição
Deságua
Voz que murmura sonhos  ao breu
Ser cheio de uma força que anima
E revive.


Keila Cristina, 16 de maio de 2017

domingo, 7 de maio de 2017

Superação


Observa e sente a brisa cálida 
num céu bordado por nuvens brancas 
em um horizonte recortado pelas montanhas 
que os raios do sol dão vida. 
Mito resultante de uma imensidão no céu. 
O Universo assenta no ritmo das canções. 
Transporta pela beleza de árvores em flor; 
magnólia coberta por flores avermelhadas. 
Escorrega em rios claros. 
Rompe os tabus. 
Despoja os excessos. 
Abre as janelas e rejubila o coração 
onde o valor e o propósito reside. 
Mergulha nas raízes do inconsciente. 
Depura do gosto, 
mas não sucumbe à sedução daquilo que é prejudicial. 
Rasteia a bandeira sem sequelas, 
mesmo frágil feito um pedaço de papel em dias de chuva. 
Olhai pra frente e reconecta numa nova condição. 
Somos mito no decurso dos séculos. 
O sol desponta mais além, 
o sentido absorve a informação da grandiosidade envolvida; 
descortina, ensina, explica e corrige. 
A metamorfose soa e tem seu processo inalterável.



Keila Cristina
07 de maio de 2017